domingo, 30 de maio de 2010

Lar, doce lar

Acho que a sensação de olhar para sua casa/seu apartamento/seu quartinho/seu canto do mundo e poder dizer "aqui me sinto bem" é uma das que não têm paralelo em nossas vidas. "Aqui me sinto bem": isso pode ser dito em muitas circunstâncias, sobre a casa de amigos, de parentes, ou até mesmo o ambiente de trabalho, ou sobre a natureza, a selva, o deserto, o mar... Cada um sabe dentro de si qual é a sua verdadeira casa. O que vale é a sensação: se as palavras soam sinceras, reais, como uma constatação e não como uma tentativa de persuasão, então há um vislumbre de felicidade no pensamento. A verdade é que todos temos algum lugar, ou para onde iríamos, onde onde já estivemos. E esse lugar, por maior e mais cheio de detalhes que seja, cabe na memória afetiva e faz o coração bater mais forte cada vez que a mente o evoca. E podemos tocar suas paredes, ou respirar sua atmosfera, ou espalhar-nos em sua superfície quando o trazemos no íntimo.
Mas o que mais me surpreende - e essa talvez seja uma das sensações mais democraticamente bem divididas por Deus - é que, mesmo que esse lar escolhido esteja sempre presente no peito, somos capazes de descobri-lo ainda mais uma vez quando ele nos acolhe.
O mundo poderá viver um dia de paz quando todos se sentirem em casa. Quando sentirem que o mundo é sua casa, ou quando sentirem que o mundo tem guardada uma casa, nalgum canto indeterminado, que poderia defender-nos do mundo.